[Conto solto] Torre solitaria.

sábado, 14 de abril de 2012 // Postado por Renoth





Ela esperava a beira da janela, como sempre. Seu príncipe encantado viria, sim, ele viria. Talvez com uma grande e reluzente armadura dourada, montado num grande cavalo branco. Era tudo uma questão de tempo... Ela sempre soube que seu príncipe morava em um reino distante, e que tinha sido ele mesmo que a havia colocado naquela torre. O motivo, é claro, era amor puro e liquido. Ele a queria para ser somente sua, e por isso a tinha colocado lá durante uma noite de sono durante a juventude. Sabia disso pois desde então eles trocavam cartas cheias do mais puro sentimento.
Ele já havia tido outras garotas, é verdade, confessou cada uma delas nas cartas, e por cada uma delas ela lhe perdoou. Era apaixonada por ele, e por isso vivia sozinha, na torre, sem nunca tê-lo visto.
Sua única companhia era Afrodite, deusa que acabou sendo atraída pela tão forte história de amor, e que visitava a garota de tempos em tempos. Ela ria sempre nos ouvidos da princesa - Afinal, deveria ser princesa se um dia ainda iria desposar um príncipe. Achava toda aquela história de amor sofredor absurda, e embora fosse perita em amor, a menina nunca escutou a deusa.
Quando ficava nervosa a doce menina escrevia longos contos de terror. Afrodite os adorava, e os lia sempre que a garota permitia. Eram contos que falavam de corações quebrados, pessoas esfaqueadas, mulheres que simplesmente perdiam tudo que tinham por tentar ganhar algo que não tinham: o coração de seu príncipe. Era estranho, mas lógico que aquelas mulheres tivessem todas os nomes pelos quais o príncipe se desculpava na carta. Afrodite sempre achou estranho que ela sempre perdoa-se a ele, mas não às mulheres que na sua visão o tinham seduzido vilmente.
Um dia chegou a conclusão de que a culpa do seu príncipe não vir atrás dela era de seu cabelo, então o cortou, arrumou, alisou e modelou. Informou de imediato seu príncipe disso, explicando com desenhos e fotos como seu cabelo estaria agora. Em resposta recebeu um sorriso picotado em falsos amores. Era a resposta perfeita, de certa forma, e significava que ele havia ao menos gostado.
-Querida... - Disse Afrodite numa das noites em que a visitava. - Por que não parte? Posso lhe dar novos amores, maiores ou menores, mais ou menos dolorosos, mas que estariam ao seu lado.
A princesa sorriu. A oferta devia estar sendo repetida pela terceira ou quarta vez, mas ela ainda não conseguia se imaginar longe da torre, sem a esperança de seu príncipe encantado. Conseguia ver seu príncipe entrando e encontrando a torre vazia. Conseguia sentar toda a dor que imaginava que ele sentiria... Como podia ser feliz com algo tão cruel acontecendo?
-Não posso o abandonar... o amo. - Respondeu ela.
-Nesse momento você não é uma princesa... Nesse momento você não é nada... - Avaliou Afrodite. Ela não estava errada. - Ele nunca lhe dará a chance de amar e ser amada. Você sabe que essa sua escolha vai te custar caro, não sabe?
-Sei. - Respondeu com um sorriso fraco que jazia entre lagrimas frias. - Mas só posso esperar que você esteja errada.
-Não estou. - Respondeu Afrodite.
Os dias se passaram, sempre lentos e frios. Cada dia mais nuvens apareciam nos céus, cada dia era mais escuro que o anterior. Não recebeu nenhuma carta por dias, e também não as enviou. Afrodite a observava sempre de perto, já sabendo como todo aquele falso conto de fadas terminaria. Definitivamente varinhas de condão e pó de pir-lim-pin-pin não estavam no quadro geral daquela estranha história.
-Quanto tempo mais você vai demorar para fazer? - Perguntou Afrodite.
-O que?
-Se jogar por essa janela, do topo dessa torre. - Respondeu com um ar de quem diz algo obvio e esperado. - Você olha para essa janela a dias, e já viu a cena de você mesma espatifada lá embaixo milhares de vezes.
-É verdade... - Refletiu a princesa. - Quem sabe quanto tempo mais falta...
-Em breve eu vou embora. - Disse Afrodite, como quem informava que estava chovendo num dia nublado. - Se quiser pode ir embora comigo.
-Não quero... não posso... - Respondeu a princesa para ninguém. O quarto já jazia vazio e silencioso.
Talvez a própria deusa fosse só um requinte de sua imaginação já louca, insana. Talvez o príncipe nunca viesse a aparecer. Talvez ela não fosse boa o bastante. Realmente, ela não deveria ser...
Meses se passaram, anos voaram. Em algum momento a princesa desapareceu de seu quarto e de sua torre, mas seu triste conto de amor jaz no esquecimento. Por nunca ter sido salva, nunca foi conhecida, e por nunca ter fugido, nunca de fato viveu. Seu nome foi engolido pelo próprio tempo, que não parava de correr.
Um dia alguém encontrou seu quarto, em sua torre. O chão estava cheio de pó, e todo o lugar exalava tristeza. o único ponto que parecia não estar velho era um pequeno bilhete deixado em cima de uma grande cama embolorada, que um dia deveria ter tido uma coberta rosa.
"ei... ei...
Você pode me ouvir??
Seus passos estão tão distantes...
Eu te esperei, juro que esperei...
Você sabe que eu estive aqui, não sabe?
Queria ver te lendo isso... Sabe, eu seria tão feliz...
Mas você era ocupado... Tão ocupado... Ocupado demais pra viver...
Acho que já morri, e senão, meu coração a muito já se desfaleceu.
consegue ouvir minha respiração? não?
Ah, como eu queria tê-lo tido como meu...
Mas já é tão tarde agora...
e você nem está lendo essa carta, está?
Por que digo tantas coisas que você nunca vai escutar?
e ainda insisto e insisto em me importar...
Adeus, Príncipe meu."
A bela carta, um pouco coberta pelo bolor nunca pode ser lida completamente, e com o tempo sua vericidade se tornou questionavel, e a existência da princesa; duvidosa.

1 Comentários

Blogger Keiko Sakurai comentou...

Neste momento estou respirando o ar...E antes disso o meu fôlego havia sido domado de uma grande vontade de dizer:QUE COISA MAIS LINDA!!!!

Kon-ba-wa Renoth-kun *w*!!!!Como vai?Faz tempo que não nos falamos!!!!E que lindo *_*!O ar do blog do Renoth!!!Maravilhoso!Seus textos estão incríveis como sempre!!E muito mais maravilhosos ainda!Eu até imaginei a princesa,pálida,loira escorrida,de olhos verdes,e lábios vermelhos de amor.HUAAA QUE COISA MAIS ROMÂNTICA!E esse toque de drama ficou muito legal!
Renoth-kun!Tem novidades?Conte-me!!Espero uma resposta,em breve eu darei uma passada aqui de novo!!^-^ {Renoth-kun!!!
Bye bye Renoth-kuuuuunn~~~ °~(^_^)~°

15 de abril de 2012 às 17:20  

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Contos e pedaços aleatórios da minha vida. Quase um diário, quase um poema, quase um livro. Se descobrir o que é, favor contactar contando.
Sakura’s warning: não mexam na groselha na geladeira. Grata.

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Eu? Bem, não há muito a dizer. Cursando o segundo semestre da faculdade de jogos digitais na fatec, e o sexto ou sétimo modulo do curso de computação gráfica da Saga. Um futuro profissional da área de jogos, ou de qualquer outra área que venha a me aceitar. Um pequeno monstro com um grande fraco pelo Konta.

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