Como comer veneno?
domingo, 20 de março de 2011 // Postado por Renoth
Era um grande abismo...
Sim, era bem profundo. Nem eu conseguiria determinar o quão fundo aquilo era...
A luz ia se perdendo aos poucos,
desaparecendo metro a metro, fazendo aquele fundo escuro cada vez mais fúnebre...
Gritei do topo, esperando sua resposta do outro lado, mas só ouvi meu eco repetindo minha frase varias e varias vezes.
“Você está ai?”... “você está ai?”... “você está ai?”...
“vo...cê... es...tá... ai?”
Nunca ouvi uma resposta... Pensando bem acho que nunca ouvi sua voz. Ela deve ser bonita... Deve ter tons altos e baixos... Deve cantar coisas bobas ou sérias...
Mas não podia estar com você nem se você me quisesse... Ah, sim, como se você fosse me querer...
Eu era um mentiroso, um mentiroso fraco e ridículo.
Sempre havia dito a todos que não me importava, que tanto fazia, que eu não sentia...
Eu era medíocre e clichê. Provavelmente ainda sou.
É engraçado, mas às vezes imagino olhos onde não tem ninguém, olhos que me retribuem olhares ou passam expressões. Eu conseguia olhar nos olhos do abismo que nós separava, e ele não parecia simpático comigo.
Eu não queria me jogar naquele abismo, não parecia divertido...
Diversão sempre foi importante pra mim...
Mas francamente, que motivos eu tenho para não o fazer?
A verdade tem a estranha mania de ser cruel, mas por pior que ela seja é sempre real.
Não existia um único ser que ainda me quisesse vivo, nem mesmo eu. Quem desejaria algo como isso? Algo como eu deveria mesmo viver?
Eu tive um sonho, não faz muito tempo. Nele, alguém que eu amava me devorava.
Ele começava rasgando meu abdômen, e arrancava de lá meus órgãos internos um a um. Dava pequenas mordidas, uma vez ali outra aqui, pequenos beijos, falava mentiras em meu ouvido e mesmo que soassem claramente como mentiras eu acreditava em todas elas. Eu dizia não sentir dor, mentia pra mim mesmo e para ele e chorava a cada avanço.
Eu sabia que aquilo tudo estava me machucando por dentro e por fora, mas ele o fazia de um modo tão carinhoso que eu nem sequer me importava com a dor latejante que sentia. Alias, arrisco-me a dizer que depois de um certo tempo passei a gostar daquilo tudo. De todas aquelas dores me consumindo carinhosamente, Dos arranhões que eu acabava por fazer nele em impulsos de auto defesa, dos beijos que ele me dava entre uma mordida e outra.
Depois é claro, quando toda a carne se esgotava e ele já se sentia alimentado simplesmente levantava e ia embora.
Eu ficava sozinho, no chão, sangrando. Cheio de sentimentos estranhos de culpa que eu nem sabia se eram meus ou se tinham sido emprestados de algum amigo distante.
Nenhuma promessa era cumprida, nenhuma mentira se transformava magicamente em verdade.
E eu ficava lá. Esperando que ele tivesse fome de novo. Esperando que arrancasse um pedaço de mim de novo. Talvez dessa vez ele conseguisse comer meu coração... Seria ótimo nunca mais ter que cuidar de algo tão trabalhoso... Sim, ele poderia levá-lo sem maiores problemas...
Mas era só um sonho.
Eu nunca havia sido devorado, e talvez nunca o fosse.
Na verdade eu gostaria que acontecesse, mas quem iria querer um corpo já tão cheio de veneno? Quem iria querer um alimento tão imperfeito?
Ninguém, provavelmente.
Me resta o abismo. O abismo dos solitários, o abismo dos vazios, o abismo que cada vez mais nós separa e leva pra longe.
Devo me jogar nele?
Quem sabe um dia eu ainda consiga a coragem necessária para isso...
1 Comentários
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Tsu comentou...
Oi Renoth!!
Pra começar deixa weu dizer que ADOREI você ter mui ligado! Eu ñao esperava, curti muito falar contigo! Agora que ambos temos celular VIvo pode deixar que eu também vou te ligar o/
Entçao como eu disse coloquei a foto do Sasuke no meu celular pra indficar sua chamada kkkkk. Eu não consigo curtir o Saske, sou mesmo fã do Itachi. Até tenho um bonequinho de pelúcia dele =p.
E que texto pesado o seu o.o parece até parte de um livro...
21 de março de 2011 às 08:49
Tsu comentou...
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